4.3.10

Cap. III - No meio do nada, Tatajuba é logo ali


A ida ao Laguinho da Torta, na região de Tatajuba, foi um capítulo a parte nessa aventura. É uma das coisas mais lindas que eu já vi. Primeiro que não é assim, facinho. Tem que ir de bugui (média de 160 pilas para 4 pessoas) ou de jipe (média de 40 pilas por pessoa). A pé nem em sonho, só se você estiver a fim de uma aventura tipo Perdidos no Deserto, sem a parte dos beduínos e sem nenhuma possibilidade de resgate. Sim, porque tem que passar por muita, mas muita areia pra chegar em Tatajuba. Mas a gente não sofre não. Porque até lá tem coisa bacana pra se ver.

Primeiro paramos numa área de mangue para ver os cavalos marinhos. Incrível, me senti dentro do Globo Repórter! O pescador nos explicou que ali era uma área de proteção ambiental e que o Ibama ia lá e fazia cursos com os moradores e pescadores para garantir a preservação. Então em vez de eles catarem os bichinhos e venderem por 1 real, eles se organizaram de uma forma que levam os turistas nos barquinhos para ver o cavalo marinho livre, leve e solto na natureza e ganham 10 pila por pessoa. Baita negócio né? Aí o cara explicou que o cavalo marinho é monogâmico, é um parzinho pra vida inteira. Que loucura gente, o coitado já é obrigado a viver na beira da lama e ainda tem que agüentar a mesma criatura a vida inteira? Afe, que castigo! O bonitinho é que na beira da areia do mangue tinham milhares de caranguejinhos cor de laranja que ficavam abanando pra gente, tipo dando tiau (ou graças a deus tão indo embora, bando de gente chata!).

Ah, esqueci de contar que no caminho furou o pneu do bugui? E que depois que a galera conseguiu trocar o pneu, o bicho não queria saber de pegar? E que a gente teve que empurrar o dito cujo até o motor rodar de novo? E que tava quente pra xuxu? Ah, azar a gente tava se divertindo de qualquer jeito. Isso era um detalhe perto do espetáculo que estava por vir...


O MANGUE - CENÁRIO BIZARRO
De lá saímos em direção ao mangue, antes atravessamos um rio com o bugui em cima de uma balsa. O mangue parece um cenário de filme B de ficção científica. Umas árvores enormes, com raízes aéreas que dá pra passar embaixo de tão alto. É muito diferente de qualquer coisa que se possa ver na vida. Não existe nada igual ao mangue. Pra falar a verdade nem sei o que dizer do mangue. Vou mudar de assunto.

Bem seguindo em frente a gente encontra... areia. Passamos por umas dunas que estão em processo de petrificação. De longe parece que tem uns matinhos em cima da duna (oba matinho!), mas quando chega perto se vê que é areia se transformando em pedra! Que lugar é esse hein!  E segue o baile.... Depois de mais um tempo rodando na.... areia, chegamos na Duna do Funil. Uma duna imensa onde a galera se joga de esquibunda e depois quase morre pra subir a duna de volta. Um espetáculo! Se a gente desceu de esquibunda? NOOOOT. Nosso negócio tava mais pra sombra e água fresca. Lá de cima da duna a gente já conseguia enxergar um pedacinho do Laguinho da Torta, oba! Gente o tal laguinho é imenso, formado pela água da chuva, límpido e limpo. É PARAÍSO em caixa alta. Então trepamos no bugui e fomos em direção ao laguinho. Ainda no meio do caminho entre o Nada e o Laguinho presenciamos uma cena inacreditável (entra narração do Sergio Chapelein Globo Repórter): uma cabra que tinha acabado de parir um cabritinho. È o milagre da natureza selvagem. Entendam, era UMA cabra no meio do nada. Tirei uma foto, claro. O cabritinho parecia bem, tentando dar os primeiros passos. (Piada interna: Seria o cabritinho miltinho, hein pai?). Em poucos minutos chegávamos ao nosso destino fantástico: Laguinho da Torta.


100% MARAVILHA – MENOS A CAIPIROSKA EM COPO DE FARINHA
Quiosque de palha, mesa e cadeira, rede, TUDO dentro da água, na beira da lagoa. A vida que a gente não pediu a Deus, porque não tinha idéia que existia. Fala sério! Nesse caso: cadê a cerveja gelada gente! E a água de côco! E o peixinho grelhado! E a farofa! Ui delícia!! Até eu resolver tomar uma caipiroska de abacaxi, coisa que eu adoro. O garçom, seu Flavio (pai do Ualece, Ueslei e Ueric, mas isso já é outra história), me vem com um copo de vidro com tampa e um canudinho. Lá dentro se encontrava algo que deveria ser a minha sonhada caipiroska de abacaxi, mas e o gelo cadê? Olhei bem o copo e percebi que era um vidro de guardar farinha. Ãh, cuma? Não foi por causa da embalagem, mas a caipiroska tava uma merda. Fiquei na água de côco e cerveja que eu tava mais garantida. Dali a pouco vem um vendedor de ostras e nos oferece várias bem fresquinhas, o João e a Lu se jogaram nas mardita, a Preta, curiosa, experimentou e gostou (lembrem-se que ela tava a fim de provar aquela bebidinha chamada xoxota né?) e eu não consegui superar o nojo de botar na boca uma coisa mole e viscosa e não provei e não gostei! Nem preciso dizer que o Seu moço das ostras estacionou ali né. Dúzias de inocentes ostras desceram pela goela dos meus amigos! ECA!

Bem, passamos o dia nos refestelando no lugar. Era um golinho de água de côco e um mergulhinho. O espetáculo a parte era a galera gringa praticando kite surf naquele montaréu de água doce. Me peguei a olhar e tentar adivinhar o que será que passa pela cabeça desse povo, de vir prum lugar tão longe que nem esse. Se já é estranho para nós, imagina para eles!
Em breve – CAP IV – Acordando cedo e dormindo tarde – Party People!

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom texto!
Diverti-me muito ao ler esta aventura!
Sou praticante de kitesurf e respondendo à sua dúvida, o que nos passa pela cabeça, é justamente estar a praticar o esporte que amamos e estar em contato com esta natureza maravilhosa, sejamos brasileiros ou gringos. O que é bom, é consumido por todos, independentemente da sua raça, nacionalidade ou posiçâo social.
Um abraço,
Guilherme Nacarato